HISTÓRIA DE TUBARÃO
O rio Tubarão, deu nome à cidade. Tubarão é uma corruptela ou adaptação verbal do vocábulo tupi guarani – Tubá-Nharô (Pai Feroz). Tuba-Nharô era o nome do rio assim conhecido pelos índios. A época que assim o denominaram é desconhecida.
Perde-se na noite dos tempos.
Por volta de 1773, a Esquadra Espanhola fecha a barra da lagoa dos Patos, tornando-se necessária a abertura de outro caminho ligando Lages a Laguna, o que deu origem a Tubarão. A primeira denominação oficial foi Poço Grande do Rio Tubarão, tornando-se o quinto Distrito de Laguna.
O povoamento de Tubarão está acentuado sobre duas bases históricas: A abertura do caminho entre Lages e Laguna (1773) e a Concessão de Sesmarias (1774).
Em 5 de agosto de 1774, foram doadas duas Sesmarias, situadas no atual Perímetro Urbano: uma ao Capitão João da Costa Moreira, outra ao Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós, sogro do primeiro. Esta é a data marco de povoamento. A partir de 1773, da região serrana, desciam mulas carregadas de charque, queijo e outros produtos de menos importância que paravam no Poço do Rio Tubarão, também conhecido como “Paragem do Poço Grande”, ou “Paragem de São João”. Os barcos, partindo de Laguna, subiam o rio transportando sal, tecidos, ferro e peixe seco. Atracavam no dito “Porto” do Poço Grande, onde cambiavam as cargas, completando assim a rota Lages – Porto de Laguna.
Naquela paragem e proximidade, tomava-se necessária a construção de algumas feitorias para dar abrigo aos viajantes, mercadorias, arreios e, por lógica, a morada obrigatória de famílias. Tanto Poço Grande, como o Poço Fundo, localizavam-se sobre a Sesmaria do Capitão João da Costa Moreira, o pioneiro fundador de Tubarão. Comprovadamente, o mencionado Capitão fez benfeitorias agrícolas sobre a sua sesmaria e a do sogro Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós.
Ambos requereram aquelas sesmarias, percebendo a importância estratégica da área. No ano de 1812, João Teixeira Nunes, residente em Laguna, comprou a sesmaria da herdeira do Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós. Em 1829, doou uma área de 80 braças ao quadro, à Irmandade de Nossa Senhora da Piedade, com o objetivo de construir a Igreja, para servir de matriz, desde que se pleiteava a criação da paróquia.
Por este motivo, foi confundido como fundador da cidade. O decreto número 32, do governo provincial, criou a Paróquia (Freguesia) Nossa Senhora da Piedade de Tubarão em, 7 de maio de 1836. Em 27 de maio de 1870, a Assembléia Provincial decretou e o Presidente da Província sancionou a lei nº 635, que criou o Município “do Tubarão”, território desmembrado de Laguna.
A Comarca de Tubarão foi criada em 1875, instalada no ano seguinte. Além da criação do Município e da Comarca, a década de 1870 registra dois fatos responsáveis pelo incremento e o desenvolvimento no então vasto Município: a imigração européia, predominando a italiana, seguida da alemã e outros, como também a formação da Cia. Inglesa “The Donna Thereza Cristina Railway Co. Ld.” (Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina).
Tudo tem uma razão de ser. Em tempo normal, o rio Tubarão era piscoso, água potável, tranqüilamente navegável, percorrendo paisagens maravilhosas, podia-se comparar com o pai bondoso (tuba); no entanto quando ocorria, e ainda acontecem temporais do leste o rio rapidamente se avoluma em ondas furiosas traga o que estiver ao seu alcance, transformando-se desta maneira em “pai feroz “(nharô)”.
O nome do rio está também relacionado com o cacique ou feiticeiro, cujo comportamento assemelhava-se ao “Pai Feroz”, segundo os jesuítas. Os missionários entraram em contato com este famigerado cacique, em l605, na região de Araranguá. Nas cartas dos Jesuítas, o cacique é treze vezes citado com nome Tubarão, o qual aprisionava os índios, utilizando o sistema de guerras tribais ou engodos, para vendê-los aos escravocratas. Os Missionários jesuítas o classificaram na categoria de bandido que assaltava (prendia) seus irmãos indígenas.
Os índios que habitavam o litoral catarinense pertenciam ao grupo Tupi Guaraní, conhecidos por Carijós.
Laguna é base da história de Tubarão.
Em 1684, Domingos Brito Peixoto, “possuidor de fortuna e homem bom” de S. Vicente, acompanhado de familiares e escravos, iniciou os fundamentos de uma póvoa em Laguna, a qual foi denominada “Santo Antônio dos Anjos da Laguna” (“dos Anjos” não consta na classificação da hagiografia). Havia um objetivo definido na visão da Coroa: formar a base, a ponta de lança para a conquista dos pampas, e na sequência, avançar até a Colônia de Sacramento, fundada em l680. Posição estratégica, pois que, após o Porto de Laguna, estende-se a longa praia retilínea, sem ancoradouros e demasiadamente perigosa para a navegação de navios à vela. Sendo o último porto, a sentinela avançada de apoio logístico na expansão ao sul, partiram dali os pioneiros lagunenses, procurando caminhos terrestres mais seguros.
O estímulo real encontrava eco naqueles paulistas mamelucos e portugueses, nos quais circulava o sangue dos rijos bandeirantes. Laguna era um excelente porto pesqueiro, cuja atividade econômica era relativamente pequena em comparação ao formidável negócio de gado e muares dos pampas. Este rendoso comércio fora introduzido na famosa feira de Sorocaba, pelo extraordinário pioneiro Cristóvão Pereira de Abreu. Em Sorocaba o gado e muares eram negociados e destinados à zona aurífera de Minas Gerais.
A partir da década de 1720, os lagunenses iniciaram a efetiva colonização do litoral do Rio Grande do Sul, os primeiros a receberem sesmarias e formarem estâncias.
Enquanto isso acontecia, não se apresentava nenhuma motivação econômica que despertasse o interesse para a ocupação e aproveitamento das terras às margens do Rio Tubarão, Capivari e Congonhas.
Os constantes deslocamentos dispersaram a população no vasto território do litoral catarinense e do Rio Grande do Sul. A região da Laguna ficou com a população reduzida.
A premente necessidade de reforço populacional pressionou o Governo Português a promover a transmigração do excedente demográfico do Arquipélago de Açores e Madeira, ocorrido entre 1748 a 1756.
O fundamento da póvoa de Tubarão
Percorreu-se quase um século, desde a fundação de Laguna, para que a área do Município de Tubarão fosse efetivamente ocupada e economicamente aproveitada.
O dia 5 de agosto de 1774 é a data marco que se registra o nascimento de Tubarão Fundador: Capitão João da Costa Moreira, natural de Lisboa. Local: atual bairro São João, margem direita.
Em 1773, concluiu-se a abertura do caminho que liga Lages a Laguna. Esta estrada finalizava a rota terrestre no Poço Grande do Rio Tubarão, também conhecido por “Paragem de São João “(santo homônimo do capitão) para daí prosseguir de barco até o porto de Laguna.
Enquanto a picada estava sendo aberta, o Capitão João da Costa Moreira, que residia na Ilha de S. Catarina, requereu uma sesmaria de 750 braças quadradas, a qual foi concedida em 5 de agosto de 1774. Esta é a data que foi assinada a carta de sesmaria, a escritura da época, pelo Governador da Capitania de Catarina, pôr delegação do rei de Portugal.
O inteligente Capitão percebeu que naquela parada obrigatória dos tropeiros era local apropriado para iniciar um entreposto comercial que iria abastecer o comércio de Lages. Lages era a mais importante parada dos tropeiros, onde melhor se reabasteciam, no longo caminho das tropas que começava em Viamão e acabava em Sorocaba.
Ali, no Poço Grande, os tropeiros e cargueiros que desciam a serra transportando no lombo das mulas o charque e o couro, realizavam seus negócios reabastecendo para retornar com os produtos da “marinha”, os manufaturados e outros que não existiam no planalto: tecidos, sal, ferro, aguardente, vinho, vinagre, farinha de mandioca e peixe seco.
Como era o costume, em todos os pontos de parada de descanso das tropas e reabastecimento dos tropeiros, construía-se um galpão para o devido abrigo, de propriedade de um negociante. Em quase todas estas paradas surgiram cidades. Por igual, aconteceu em Tubarão. Capitão construiu no Poço Grande a casa de negócio, a residência, galpão para os tropeiros e até uma casa de oratório que foi a primeira capelinha de Tubarão.
Nesta casa de oratório celebrou-se, em l786, o primeiro casamento de Tubarão.
Nubentes: Rita Maria, filha do Capitão Moreira, e o Capitão Joaquim José Pereira, um dos maiores, senão o maior, fazendeiro de Lages. É considerado o fundador do município de Painel.
Em 1801, o Capitão Joaquim da Costa Moreira, filho do fundador, recebeu por concessão real, uma sesmaria de uma légua quadrada, que iniciava no Poço Grande e findava nas proximidades da Guarda. Com duas sesmarias, os terrenos da família Costa Moreira iniciavam na rua dos Ferroviários estendo-se até o atual km 63.
Por volta de 1809, os herdeiros do Capitão João da Costa Moreira venderam os terrenos e se transferiram para Porto Alegre.
Principais compradores: Manoel Correa de Souza, Thomaz Silveira Pinheiro.
A sesmaria do Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós
Em 5 agosto de 1774, foi também concedida uma sesmaria do mesmo tamanho da do Capitão Moreira ao Sargento Nicós, situada no endereço atualizado entre a rua Esteves Junior e rua dos Ferroviários. Por desconhecimento da importância de outras sesmarias, foi a mais badalada da história local.
O sargento Nicós não veio morar em Tubarão. Seu terreno foi beneficiado pelo Capitão Moreira, seu parente, que cumpriu uma das cláusulas da carta de sesmaria que obrigava a efetuar a demarcação e o cultivo no prazo de dois anos, sob pena de perder o terreno. Em 1792, o sargento Nicós faleceu em Desterro. A sesmaria foi herdada por seu filho, Padre Joaquim José Jaques Nicós, que viveu sempre em Desterro. Em 1809, faleceu o padre Nicós. Sem deixar descendentes, o terreno retornou a sua mãe, Ana Joaquina da Encarnação, herdeira ascendente.
Em 1812, João Teixeira Nunes, residente em Laguna, comprou a sesmaria de Ana Joaquina. Nesta data, 38 anos após o início do povoamento, João Teixeira Nunes entrou para a história de Tubarão. Na data do povoamento, contava apenas 7 anos, o que o impossibilita de receber o título de fundador ou pioneiro.
No ano de 1829, Teixeira Nunes doou três hectares à Irmandade de Nossa Sra. da Piedade, com o objetivo de construir a igreja que iria servir de matriz. No documento concedeu aos moradores do Distrito do Poço Grande do Rio Tubarão, o direito de construir suas casas no dito terreno mediante o pagamento do aforamento à Irmandade. A partir desta data, principiou o deslocamento do embrionário centro urbano do POÇO GRANDE para a colina onde está situada a Catedral Diocesana.
No topo da colina, o comerciante e latifundiário Thomaz Silveira Pinheiro, liderou a construção da Igreja, iniciada em 1830 e concluída dois anos depois.
No período entre 1773 a 1808 foram concedidas mais 15 sesmarias, situadas nas margens do Rio Tubarão (partindo da Madre até Raposa, hoje Pindotiba), rio Capivari e Congonhas.
Os Colonizadores
Os colonizadores da região distinguem-se em três ciclos: o vicentista, o açoriano e a imigração européia, extra Portugal.
O vicentista ou paulista, que se implantaram a partir da fundação de Laguna em 1684, era um grupo heterogêneo formado de portugueses do ultramar, dos nascidos no Brasil, das gerações de mamelucos e de escravos de origem africana. Forma o caldeamento básico do povo brasileiro: o europeu, o índio e o africano. Esta miscigenação de três etnias tão diferenciadas fez com que se fundisse também a estrutura cultural. A característica marcante desta etapa foi o espírito audaz e truculento dos bandeirantes na expansão do território português, no feroz apresamento dos índios e sua malfadada escravidão. Este espírito de conquista e busca de fortunas será a dinâmica das primeiras gerações dos pioneiros fundadores de Laguna. O gado, a riqueza do momento, os atraiu para o sul. Acima de tudo, havia o estímulo e interesse da Coroa.
O açoriano. Esta foi a corrente homogênea e compacta que se fixou no litoral catarinense entre Imbituba (Vila Nova) e S. Francisco do Sul. Grupos familiares de riquezas variadas com predomínio de pobres.
Esta fase causou grande impacto cultural por ser um contingente numeroso que transmigrou em curto período de 1748 a 1756, ocupando uma vasta área habitada por diminuta população. Por um longo período manteve a hegemonia de suas tradições.
Estando agrupados puderam transferir e perpetuar a cultura portuguesa que havia se estendido para o arquipélago de Açores. Habituados ao cultivo em terrenos de formação vulcânica, foram forçados a se adaptar outra forma desconhecida de plantio.
As promessas do Governo português não se cumpriram. Sem meios, mantiveram um sistema agrícola rudimentar e rotineiro. Era forçoso substituir a farinha de trigo pela de mandioca de cultura indígena, que tomou a posição de alimento básico. Por vários motivos adversos, sua agricultura foi um pouco além da subsistência. Pôr sua formação cultural, somada a outros fatores também contrários, não se formou um contingente que desbravasse o interior, que fosse além de sua primitiva área de ocupação. Fixaram-se ao longo da costa, também próximos às lagoas e aos rios navegáveis. Apesar de todas as adversidades, os açorianos nos transmitiram um memorável legado cultural.
Especificamente na área geográfica de Tubarão, os açorianos foram se fixando através do processo migratório com deslocamentos da Ilha de Santa Catarina e comunidades do continente nas suas proximidades, e, mais ao sul, Enseada de Brito, Vila Nova. Ocorria que o porto de Laguna continuava a receber elementos de Portugal, Santos, Rio de Janeiro; e pelos caminhos das tropas, via Sorocaba, que, na variante de Lages a Laguna, vinham os mineiros e paulistas do interior. Em suma, o povoamento de LAGUNA e Tubarão foi através de uma miscelânea de portugueses e brasileiros dos mais variado caldeamento. E nele se incluíam os portugueses oriundos do Arquipélago de Açores.
Em alguns momentos, exagero da apologia da saga destes bravos ilhéus tem apresentado os açorianos como membros de uma nação de língua portuguesa independente como criadores e portadores da cultura açoriana, quando na realidade é origem Portugal e européia.
A cultura portuguesa, em toda a sua abrangência e variações, permaneceu inalterada até o último quartel do século XIX.
Os imigrantes europeus.
A partir do ano de 1877, data da vinda da primeira leva de imigrantes italianos na colônia de Azambuja, patrocinada pelo Governo Imperial. Em 1874, pequeno grupo de alemães iniciou a colônia espontânea de Braço do Norte, os quais migraram da colônia de Teresópolis (Águas Mornas) de solo pobre e impróprio, ali estabelecidos desde 1860.
A imigração européia ocorreu, em sucessivas levas, entre 1877 a 1893, fixando-se nas três colônias: Azambuja, que se estendeu em outros núcleos como Urussanga, Treze de Maio (ex-Presidente Rocha), Cocal do Sul (ex Accioli de Vasconcellos) sob o patrocínio do Governo Imperial; Colônia Grã-Pará e Nova Veneza, ambas de iniciativa privada. (Nova Veneza não pertencia ao município de Tubarão).
Os imigrantes que ocuparam as colônias do sul, aproximadamente 90% eram italianos, os demais alemães, e, em escala diminuta, os poloneses. Eram camponeses forçados a imigrar por estar comprometida a sobrevivência em seus países. A pobreza e a exploração dos proprietários de terras, as extorsivas taxas e impostos haviam chegado ao extremo. Austeros trabalhadores sem meios de sobrevivência divisavam na América a sua válvula de escape e a terra da fortuna. Aqui chegados, sentiram o peso da ilusão. Havia um consolo que jamais teriam em suas pátrias: tornaram-se proprietários de terras férteis com abundância de lenha, sonho que jamais se cumpririam em suas pátrias.
Empurrados ao interior, em terrenos acidentados, com lastimáveis vias de comunicação. Sem capitais, obrigaram-se a adotar o sistema da agricultura rotineira e arcaica que há séculos se utilizava. Por exemplo, adotaram a coivara,” técnica “agrícola de cultura indígena. Houve, na realidade, um encontro entre brasileiros e europeus que desenvolviam modalidades agrícolas arcaicas, utilizando instrumentos obsoletos. A dos imigrantes era um pouco mais avançada, no entanto não puderam por em prática de imediato por falta de instrumentos, solo coberto de troncos e carência de mercado.
Introduziram novas culturas e nova dinâmica de trabalho. Iniciaram a industrialização utilizando em larga escala o aproveitamento da força hidráulica. Contribuíram na mudança da dieta alimentar.
Suas manifestações culturais foram mais cultivadas e preservadas nos centros homogêneos como Urussanga e núcleos adjacentes. Nas áreas periféricas das colônias em permanente contato com os nacionais, suas manifestações culturais mantiveram–se sem muita intensidade até a década de l940, quando foi praticamente suprimida com a repressão governamental contra os italianos e alemães.
Em Tubarão, os imigrantes e seus filhos foram chegando aos poucos, integrando-se à cultura portuguesa, acasalando-se entre mais abastados, assoberbando-se no mais elevado estrato social, distanciando-se dos seus compatriotas que permaneceram nas colônias, chamados depreciativamente de colonos, dando-se por entender como vocábulo que traduzia ignorância e rusticidade.
Esta miscigenação não encontrou entraves na diferença religiosa. Este processo provocou um retrocesso e indefinição cultural.
Romperam-se as raízes de ambas as culturas.
Evolução Política e Administrativa
Em 1833 foi criado o Distrito do Poço Grande do Rio Tubarão, 5º na classificação entre os distritos do município de Laguna, quando se elegeu o primeiro Juiz de Paz, Alferes Antônio José Bitencourt, a primeira autoridade instituída no território tubaronense. Limites do distrito:
“… compreende desde o primeiro morador na embocadura do mesmo rio, acima da Carniça, entrando os moradores que houver no rio da Madre para cima até os limites da vila de Lages, compreendendo Congonhas e os moradores de ambos os lados do Rio Capivari até a fazenda do cidadão José Martins Galego, sendo este exclusível (sic)” (Ata da Câmara de Vereadores de Laguna, 22 abril l833).
Poço Grande do Rio Tubarão foi a primeira denominação oficial de Tubarão.
A segunda conquista ocorreu com a criação da Paróquia com a denominação de FREGUESIA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DO Tubarão “Segunda denominação oficial” Os limites paroquiais são os mesmos do distrito. População: 1.143 habitantes incluindo l89 escravos (dados oficiais de 184O).
No ano seguinte foi instalada a paróquia sendo o primeiro vigário: Pe. João Jacinto de São Joaquim.
Em 18 de março de 1837, pela lei no. 54 implantou-se a primeira escola. Professor: Manoel José Conceição.
A criação do Município: a grande conquista.
Em 27 de maio de 1870, pela lei 635, foi criado o Município “do Tubarão, desmembrado da Laguna, com a superfície de 8.225 km2, com limites partindo de Laguna, findando na fronteira do Rio Grande do Sul e ao oeste a Serra Geral. Do primitivo território de Tubarão foram criados 42 novos municípios. População aproximada de 13 mil habitantes de origem portuguesa e africana. Principal atividade econômica: agricultura e comércio.
O município foi instalado em 7 de junho de 1871, tomou posse a Câmara de Vereadores, que administrava o município. Primeiro Mandatário e presidente da Câmara: Major João Antunes Tio.
A Comarca de Tubarão foi criada em 1875 e instalada a 25 novembro de 1876.
Primeiro magistrado: Dr. José Ferreira de Mello.
Do território, que fora base da comarca Tubarão, criou-se mais 10 comarcas.
Hoje a comarca de Tubarão galgou o mais alto nível das comarcas fora da Capital: ÚLTIMA ENTRÂNCIA.
O decreto no. 33 de 7 de novembro de 1890 elevou a Vila de Tubarão à categoria de Cidade. O decreto do governo estadual nada modificou a estrutura administrava do município. Ato de vaidade para exaltar o status dos tubaronenses.
Em dezembro de 1954, por bula papal, criou-se a Diocese de Tubarão, tendo sido a mesma instalada a 15 de agosto do ano seguinte, data que chegou o primeiro bispo D. Anselmo Pietrulla.
Tubarão Cidade Azul
O dístico TUBARÃO CIDADE AZUL, igualmente está ligado ao rio Tubarão. O escritor, jornalista e político catarinense encantando- se com a beleza do rio, a limpidez da água que refletia o azul celeste que contracenava com o conjunto paisagístico em sua
volta, produziu aquela expressão que agradou os tubaronenses. A citação mais antiga que se encontrou, data o ano de 1906.
Empreendimentos Econômicos de relevância histórica
Três empresas foram fatores básicos nas transformações econômicas e sociais no município e região Carbonífera: A Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, condição única para viabilizar a exploração do carvão (inaugurada em 1884); a Cia. Siderúrgica Nacional, que instalou em Capivari a Usina de Beneficiamento de Carvão (conhecida por Lavador do Capivari e a Usina Termelétrica que entraram em operação em 1945). O Lavador encerrou suas atividades em 1991.
Da Termelétrica originou-se a Usina Jorge Lacerda Sotelca (1957) depois Eletrosul, Hoje Gerasul.
Este empreendimento mobilizou a região carbonífera, sacudiu as estruturas econômicas e culturais. Alem de polpudos salários, oferecia aos seus empregados uma assistência social invejável. Qualquer cargo funcional nesta estatal, transmitia ao seu detentor grau de status muito valorizado pelos tubaronenses.
A E.F.D.T.C. fundada em Londres por iniciativa do Visconde de Barbacena, empresa privada de capital e tecnologia inglesa foi encampada em l902 e novamente privatizada em 1997.
Denominação atual: Estrada de Ferro Teresa Cristina.
A cidade de Tubarão foi a mais beneficiada por estar nela se instalada a sede e entroncamento principal de onde partiam ramais para o sul catarinense fator que incrementava o comércio. Pesava, a partir da década de l940, a qualidade e quantidade de empregos.
A Cia. De Cigarros Souza Cruz, (1956), fator de extraordinário incremento à agricultura e a economia da região. Exerceu forte influência na melhoria das técnicas agrícolas dos lavradores.
Encerrou suas atividades em 1997.
EDUCAÇÃO
Sendo Tubarão um pólo de convergência de todas as vias de comunicação, motivou a formação de um centro estudantil que atendia uma clientela da região, que necessitasse frequentar cursos mais elevados. Na década de 1930 sobressaiam o Colégio
José (1895) e o Grupo Escolar Hercílio Luz (1920), na de 194O, o Ginásio Sagrado Coração de Jesus, depois Colégio Dehon e na de 1950, a Escola Técnica do Comércio, cuja Congregação idealizou e implantou o ensino superior, origem da UNISUL. Este quarteto, com modalidades específicas de ensino, atraia estudantes do sul catarinense, formando, assim, a base ativa e histórica para a criação e desenvolvimento de cursos de nível superior que iniciou pelo IMES (1964), transformado em FESSC (1967) e finalizando na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.(1989).
PRIMEIRA RÁDIO
Em 1947 foi fundada a primeira rádio do sul de Santa Catarina? A Sociedade Rádio Tubá Ltda., na cidade de Tubarão. Os fundadores foram Edgar Lemos, Antônio Nuemberg, João Orlandi Corrêa, Edgar Cunha e Antônio Dácio Farias.
HOSPITAL
Após a vinda das irmãs da Congregação da Divina Providencia, que fundaram o Colégio São José (1895), foi amadurecendo a idéia de se fundar um Hospital. O movimento encabeçado pelo Padre Bernardo Freuser teve o natural apoio da população e, principalmente, dos governadores do município. Tanto que a lei Municipal nº 22 de 1898 criou a Loteria Municipal.
” Cujo produto líquido será aplicado à construção de um hospital de caridade nesta cidade”.
Em 1903, José Maria Gnecco e sua mulher Bernardina Conceição, doaram um terreno para a construção de um Hospital de Caridade ou Casa de Misericórdia, o lugar Poço Fundo, com 86m2 de fundos.
Transcrevemos textualmente a sua finalidade:
” não podendo em termo algum servir o referido terreno para nenhum outro fim qualquer que seja, nem tão pouco corporação alguma, ou particular apossem-se dele a não ser para fim referido, sob pena de reverter o mesmo terreno aos nossos herdeiros.”
Não sabemos que fim teve aquela doação.
No ano de 1904 foi lançada a pedra fundamental do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Em 3 de Maio de 1906, foi solenemente inaugurada com brilhante discurso do Dr. Joaquim David Ferreira Lima, o seu primeiro médico. Na mesma ocasião, também se pronunciou o superintendente Municipal João Cabral de Mello.
Em 1912, o Dr. Otto Frederico Feuerschutte foi o segundo médico a prestar serviços ao Hospital, onde dedicou toda a sua carreira, consagrando-se como o mais humanitário médico da história de Tubarão.
A principio, a direção do Hospital era a mesma do Colégio São José. Desmembrou-se em 1922, continuando sob o controle da Congregação. No ano seguinte, foi elaborado o estatuto próprio.
“ Os doentes pobres serão tratados gratuitamente”
Hoje o Hospital conta com aproximadamente 435 leitos, incluindo- se o centro de cirurgia e emergência.
Possui um corpo clínico de em media 100 médicos e uma taxa de ocupação em 70 %. O Hospital Nossa Senhora da Conceição conta com vários serviços especializados.
LAR DA MENINA
No ano de 1963, havia na cidade de Tubarão um elevado índice de meninas menores que mendigavam no centro da cidade. A Diocese de Tubarão sentiu, então, a necessidade de fundar em um determinado local, uma obra que viesse abrigar estas meninas, onde tivessem um atendimento e acompanhamento direto.
A Diocese, na pessoa de sua excelência, o Bispo Dom Anselmo Pietrulla, preocupou-se também em convidar uma Congregação religiosa que assumisse a citada obra. A Congregação convidada foi a das Irmãs Sacramentinas de Bérgamo, que aceitou o convite, por este trabalho vir ao encontro da missão da Congregação.
A entidade não deveria ter características de depósito de criança, nem de uma entidade gigantesca que tivesse no seu seio um elevado número de abrigadas, mas sua conotação deveria ser de um “Lar”. Daí adveio o nome, Lar da Menina, onde o número
de meninas internas deveria ser limitado, para que o espírito de família reinasse nesse novo ambiente.
Surgiu então a entidade, em 21 de abril de 1963, e foi constituída em pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, em 04 de janeiro de 1966. Quando registrou seus estatutos em agosto de 1963, foi inaugurado o Jardim de Infância Monsenhor Bernardo Peters, junto ao Lar da Menina.
BIBLIOTECA PÚBLICA
O Ano de 1898 é um marco especial, com a criação da Bibliotéca pública e Arquivo Público, por iniciativa do visionário Superintendente João Cabral de Mello.
Naquele ano, a biblioteca contava com um acervo de 312 volumes sobre assuntos diversos e que estava sendo bem frequentada.
Em 1941, o prefeito Marcolino Martins Cabral, aproveitando decretou a criação da Biblioteca Olavo Bilac.
Instalada na sede da Prefeitura, teve também, vida itinerante. Passou por percalços e desleixos. Porém, sua maior perda ocorreu no ano de 1988, quando aconteceu um inconcebível ato de dilapidação do patrimônio público e cultural. Naquele ano, quando se localizava no alto da Estação Rodoviária, contratou-se uma bibliotecária formada que “organizou” a biblioteca. No afã de “modernizar” o estabelecimento, atirou ao lixo, aproximadamente 800 volumes mais antigos, preciosas edições de autores famosos, talvez obras remanescentes, adquiridas há 90 anos.
Hoje a biblioteca esta localizada no Centro de Cultura Municipal.
O Primeiro ato oficial que instalou o Ensino Superior em Tubarão, iniciou com a criação da Faculdade de Ciências Econômicas do Sul de Santa Catarina, através da lei 353, em 25 de novembro de 1964. No mês seguinte, pela lei 355, criou-se o Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), uma autarquia com personalidade jurídica, órgão responsável pela administração do ensino Superior em Tubarão.
O curso entrou em funcionamento no dia 7 de abril de 1965, em salas alugadas do Colégio Deu, com 45 alunos. A sede da Administração era na Casa da Cidade.
O professor Osvaldo Della Giustina e sua equipe de assessores, idealizaram e criaram a Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina (FESSC).Inicialmente este projeto foi rejeitado pela
câmara de vereadores , no entanto com apoio do prefeito da época a Câmara aprovou a Lei 443 de 18 de Outubro de 1967, que criava a FESSC.
Em 1970, entrou em funcionamento a Escola Superior de Ciências e Pedagogia,
em 1972, criou a Escola Superior Ciência saúde e Promoção Social,
em 1976 criou a Escola Superior de Tecnologia e em 1985 a Escola Superior de Ciências Jurídicas.
TRANSFORMAÇÃO DA FESSC EM UNISUL
Sob a Direção de Sivestre Heerdt, a FESSC mobilizou-se para completar a última etapa, transforma-se em UNIVERSIDADE.
No dia 20 de Janeiro de 1889, o Prefeito da época Estener Soratto sancionou a lei Municipal, documento definitivo que instituiu a Universidade. O primeiro Reitor foi o professor José Müller.
Com a conquista da Unisul, Tubarão continua a manter a tradição de pólo e centro educacional, que iniciou com o colégio São José , Hercilio luz, Colégio Dehon e Escola Técnica de Comércio de Tubarão.
ENCHENTE
A grande enchente foi em 24 de Março de 1974.
No dia 22, Sexta-feira, as chuvas da tarde foram mais intensas nos costões da Serra, fazendo com que o rio aumentasse sensivelmente seu volume, alagando as áreas baixas.
A vila Presidente Médici foi o primeiro bairro a ser atingido. No Sábado, dia 23 a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros haviam se mobilizado para socorrer a população dos bairros mais alagados. A cidade entrou em estado de alerta, sem pânico. A Rádio Tuba prestava serviço de informações, alertando a população de perigo e pedindo calma. As escolas dispensaram os alunos. Os campos já estavam embaixo submersos. À tarde a chuva caia forte edensa. Já havia muitos desabrigados. Várias pessoas estavam deixando suas casas e indo para lugares mais elevados, como por exemplo, o morro da Catedral.
Mas, alguns moradores, permaneceram em suas casas, sem acreditar muito que a água fosse além do que estavam vendo.
Uma multidão espreitava nas margens do rio que subia rapidamente. Por volta das 18 horas, a ponte pênsil foi tragada, a partir daquele momento as águas invadiram o centro comercial. Oficinas e a margem esquerda foram tomadas por água que variavam de 20 centímetros a 1 metro.
O comandante da época da 3º Cia. Proibiu a Radio Tuba de dar noticias sobre a enchente alegando, que a emissora estaria promovendo sensacionalismo, transmitindo pânico à população. Com isso a população ficou desorientada e desinformada.
No dia 24 Domingo os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado.
No fim da tarde a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior.
Na noite de Domingo foi dramática para os moradores das áreas pouco inundadas, na noite de Sábado, sentiram, repentinamente a água invadindo as suas casas e rapidamente crescendo com forte correnteza. Muitos dormiam e acordaram com os pés na águas.
Muitos subiram no forro da casa, e deste, para o telhado. Alguns na tentativa de se salvar morreram, e outros foram levados juntos com sua casa. Às 9:00hs, apagaram-se as luzes, os telefones já estavam mudos. A cidade ficou sem comunicação, isolada.
Dia 25, segunda-feira, ao clarear do dia, a chuva continuava intensa, águas subindo e destruindo. Um único helicóptero fazia o trabalho de salvamento. Sobrevoava sobre as casas , cujos tetos apareciam, agitavam-se, desesperadamente, panos de todas as cores.
As residências no morro da Catedral recebiam toda a espécie de flagelados em desespero. Não havia alimentos para todos, por isso aconteceu um saque ao Supermercado Angeloni.
No Colégio Gallotti, um grupo de professores se organizou e se dirigiu ao vizinho supermercado Carradore (que não existe mais) e requisitaram alimentos para os refugiados daquele estabelecimento de ensino.
No dia 27 o sol despertou radiante. As águas começaram a baixar deixando atrás de si uma impressionante camada de lodo que variava de 30 centímetros a 1,20 metros. As ruas se apresentavam com enormes buracos, entulhados de lodo, madeiras e restos do material das casas demolidas.
Entre as informações desencontradas, “oficialmente” são registradas 199 mortes.
POLÍCIA MILITAR
Em janeiro de 1998 foi criado no 5° Batalhão da Polícia Militar de Santa Catarina localizado na cidade de Tubarão, o GOE (Grupo de Operações Especiais). Tratava-se apenas de uma equipe de quarto homens que trabalhavam com uma pick-up com a missão de conter uma onda de assaltos a instituições financeiras.
A partir daí, esta equipe foi se especializando e treinando para aperfeiçoar suas técnicas. Vale a pena ressaltar que se não fosse o empenho inicial e a persistência destes homens o 5° GRT não existiria atualmente.
ANITA GARIBALDI
Anita Garibaldi, batizada Ana Maria de Jesus, nasceu na localidade de Jesus, então município de Laguna em 1821. Hoje Região pertence a Tubarão, Anita conheceu o italiano Giuseppe Garibaldi em 1839 com a tomada de Laguna pelo exército da República de Piratini. Anita morreu na Itália em 1849. Seus restos mortais foram transferidos para alguns locais até que em 1932 foram depositados definitivamente aos pés de um monumento construído na Piazzale Anita Garibaldi, no monte Gianicolo, em Roma. Neste mesmo ano o governo Italiano colocou um marco de granito em Morrinhos, Tubarão, com placa em Latim dizendo: “1821-aqui nasceu Anita. 1932-o povo italiano colocou”. O monumento a Anita Garibaldi está localizado a quatro quilômetros do centro de Tubarão e pode ser visitado a qualquer horário.
CATEDRAL
A primitiva igreja foi construída em 1832. Através do tempo foi sofrendo várias reformas e ampliações. Em 1887, o corpo da Igreja media138 palmos (0,22 m) de comprimento e 74 de largura e 30 de altura (Relatório do Pe. Cipriano Buonocore, 1887). Este monumento que representou a fé e o esforço comum de muitas gerações, símbolo material da religiosidade de seu povo, foi demolido em 1971.
A Diocese de Tubarão foi criada em 28 de dezembro de 1954, chegando assim o primeiro Bispo Dom Anselmo Pietrulla. A Catedral está erguida no ponto mais alto da cidade. Ao seu lado está a Torre da Gratidão, monumento em homenagem às pessoas que contribuíram com a reconstrução da cidade após a grande cheia de 1974. Com amplo espaço, construção arrojada e moderna, a Catedral é uma visita obrigatória.
Destacamos em anexo a gruta, a sede diocesana e a residência episcopascal, com uma praça ampla e uma visão belíssima da Cidade Azul.
Na região, em cada bairro e em cada comunidade existem um grande número de igrejas e capelas que caracterizam a religiosidade destes habitantes. Destacamos a igreja matriz São José Operário em Oficinas
PRAÇA TEREZA CRISTINA
A Praça Tereza Cristina foi inaugurada em 1984 em comemoração aos 100 anos de fundação da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, construída pelos Ingleses, Localizada na Avenida Marcolino M. Cabral, a praça ostenta uma locomotiva Maria- Fumaça e um vagão de passageiros que serve como lanchonete.